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sexta-feira, 4 de abril de 2008

Rei I. - A idéia

A Idéia

- Outra cerveja?
O amigo nem levantou a cabeça da mesa. A cerveja logo chegou.
Eram três rapazes, o de cabeça baixa, extremamente desiludido, pensava na sua perda. Os outros dois, de bom humor, tentavam contagiar o amigo com palavras agradáveis e reconfortantes, o que de nada estava adiantando.
- Vamos, tome aí! A viajem você faz depois! Compre outro carro!
- Hei... – E parou de falar.
- Hei o quê?
- Tive uma idéia! Me empresta seu celular!
Enquanto isso o ouro permanecia de cabeça baixa, não movia nada no corpo entristecido.
- Vou ligar pra um “mano” lá do bairro da minha vó. Ele é do “movimento”.
- Ah qual é?
- Chiiiii! Já tá chamando!... Alô? Ô Zilvar!... Lembra de mim?... O Juninho, você mora perto da casa da minha vó, lembra?... Faz tempo que nem vou aí, mas sabe como é né?... Tenho seu número desde aquela época, lembra?... Aquela que você me viu nas eleições de três anos atrás, lembra?... Pois é, tô com um problema, queria vê se tu me ajudava aí... Pois é, um amigo meu aqui teve o carro roubado hoje de manhã... É, um amigo... Então, queria saber se você talvez não tivesse uns contatos... Onde? Eu tô perto da faculdade... Isso... Ora, melhor ainda!... Tudo bem!
- E aí?
- Ele vai passar aqui! Tá vendo Lúcio, esse cara vai te ajudar! Ele conhece toda a sorte de bandidos. Ele tem moral com os “cara” lá. Ele vai dar uma força pra gente.

Quinze minutos depois chega o Zilvar, empurrando uma bicicleta, e sem camisa. A princípio um deles se assustou, o outro nem levantou a cabeça e o Juninho abriu o sorriso.
- Chega aí Zilvar! Chega aí!
-Opa! Beleza? Então? Qual é a fita?
- Então! – forçava a malandragem ao falar – O esquema é que...
- Não mano! Qual é a fita! Olha só tu aí nessa vida boa. Mano, faz uma cara que cê nem me liga; me vê por aí e vira o rosto. Naquela época da política cê queria que eu votasse num fulano lá e tal, e por isso foi lá na minha... Saca? Agora de novo? Tu acha que sou bandido é?
- Nan.. não mano! Que q... quê isso, o lance é...
- Para com essa porra de lance mermão. tamo num jogo de futebol por acaso?
O outro parecia tão assustado quanto o Juninho, que sem cor nem imaginava o tamanho da besteira que havia feito. Lúcio, imóvel, provavelmente ouvia tudo, mas era profunda sua tristeza, não sentia vontade de se manifestar.
- Me passa seu celular!
- Não mano, quê isso? Não precisa chegar a ess...
- Me passa a bosta desse celular!
Tremendo, e completamente tomado pelo medo, passou o celular.
Zilvar pegou o aparelho, e como se soubesse o que fazia fuçou em todo celular.
- Pronto! Apaguei meu número dessa porra aí; num me liga mais, falei? Entendeu bodinho do carai! E tu aí, vira home rapá, e pára de tremer! Bando de safado.

Zilvar montou na bicicleta e desceu rumo ao centro.

- Ótimo plano, ótimo!
- Ah, cala boca, seu maricas!
- Calem a boca vocês dois! - disse o Lúcio por fim, levantando a cabeça. Mas logo abaixou-a novamente e ficou lamentando o roubo do seu carro, e da viajem que teria de desistir de fazer se quisesse comprar outro carro.
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sexta-feira, 14 de março de 2008

Rei I. - A Primeira Noite

A Primeira Noite

Com o revólver apontado para sua vítima o garoto pediu o dinheiro.

Havia apenas uma coisa que o agonizava. Apenas uma. Pouco para quem é inexperiente na arte do assalto.

- Passa a grana, sem gracinha!

- Muita calma!! Muita calma!! – respondia a vítima, assustado. Depois acrescentou que era um trabalhador, que tinha filho, tinha família, e concluiu: - Muita calma rapaz!!!

- Passa a grana ou vai levar chumbo!!!

E aqui temos o problema: não havia chumbo.

O dinheiro não deu pra comprar munição, apenas a arma!

Havia vendido a bicicleta, fruto de um furto praticado há uns dois anos atrás; dois tênis, fruto do trabalho numa indústria de derivados de couro; e um playstation, que não era seu, pegara emprestado de um amigo ´das-antiga´, desde a escola, ´sangue-bom´.

Precisava da arma e o Mão-Na-Roda não quis dar um desconto nela para que levasse também a munição:

- Não, `dexaqueto´! – respondeu para o Mão-Na-Roda que guardou a caixa com as balas; ele que não dava a mínima se o garoto tinha ou não tinha o dinheiro ou o que faria com aquela arma.

Com a ferramenta de trabalho em punho, saiu logo, sem espera; ´trampo´ noturno; seria um trabalhador da noite. Tirar dinheiro dos que têm e dos que não tem: não faz diferença para bandido, na noite, no breu.

- Anda, passa a ‘grana’, maluco!!! – gritou e logo pensou que estava na hora de tomar uma posição, pois a vítima logo perceberia que ele estava sem munição, ou era apenas um iniciado naquele tipo de ação. Então puxou o cão e o tambor girou, foi quando gritou com mais hostilidade.

- Tudo bem, tudo bem... – e a vítima entregou a carteira para o assaltante. Havia três reais, dos quais se apoderou o assaltante, que depois jogou a carteira no chão.

-´Vaza´, ´vaza´, antes que eu...

O outro pegou a carteira e sumiu.

“Não foi tão difícil assim”, pensou e saiu à cata de uma nova vítima, e de experiência.

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Eder Poeta - A Periferia segue Sangrando

A Periferia segue Sangrando

“Ligo o rádio e pronto as notícias não são nada boasPonto final na vida de várias pessoasE o que seria um fim de semana foi um banho de sangueO rabecão não parou um instanteA cada depoimento um arrepio um pai confirma ao vivoÉ mesmo do seu filho um corpo quase irreconhecívelVítima de uma sessão de tiros”
GOG


...E de repente os tiros atravessam a letra do rap, que ecoa num bar da periferia da cidade, não, não são caros leitores as balas perdidas que ninguém sabe de onde vem, como cantou o poeta, essas balas têm os seus destinatários ou pior são endereçadas a anônimos que por mais paradoxal que seja essas vitimas tem nome e sobrenome.
Na periferia da cidade, numa madrugada qualquer, num bar, os sons de 380 ecoam forte, disparos de menos de um metro de distância, acabam com qualquer chance de sobrevivência, em meio às poças de sangue que se formam no chão e vão se escorrendo para a rua, também se vão vidas, sonhos dilacerados. Pela estupidez e covardia, fica a vergonha e uma triste constatação: Grupos de extermínios agindo debaixo dos nossos olhos, bem mais próximos de que imaginamos. As historias de sofrimento e pesar que infelizmente estejamos nos acostumando a ver e ouvir pelos meios de comunicação, relatos de chacinas nas grandes megalópoles, agora acontece no nosso quintal. A cidade que já foi um dia, caracterizada por sua beleza e tranqüilidade de vida agora também começa a entrar para as tristes estatísticas da brutalidade.
Entre as vitimas: Pedros, Vinicius, Fernandos, Claras e Marias... Cidadãos e cidadãs que pagam com vida pela triste sina de nasceram pobres, pretos e favelados neste país tropical e bonito por natureza.
Seria irônico se não fosse trágico, que pôr trás deste holocausto estejam policias, este mesmo policias que são treinados, anda em carros, são pagos como o meu, o seu, o nosso dinheiro. Nós que somos em sua grande maioria cidadãs e cidadãos de bem. Os motivos são torpes, fúteis ora por raiva mesmo, ora por descontentamento pela troca de comando ou por que o patrão da área não pagou o “arrego”.
Precisamos urgentemente de uma mobilização nacional, um grito de basta e alerta: Chega de extermínio. Em tom de manifesto exigimos, corregedoria civil e externa da policia em todas suas esferas. A periferia segue sangrando e eu pergunto ate quando?
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Jéssica Balbino - Pra quem interessa?

Pra quem interessa?

por Jéssica Balbino

“É assim que é ... Trabalhador não tem escolha, então, enfrenta aquele trem lotado Subúrbio para morrer, vou dizer...” (RZO)


Lendo o texto de Alessandro Buzo no livro O trem – Contestando a Versão Oficial, podemos nos deparar com fatos de anos atrás que se repetem ainda hoje e, incrível, não apenas nos trens, mas nos ônibus. Não só em São Paulo, mas em todas cidades brasileiras. Pior pra quem? Pro povo da periferia. Povo lindo, povo inteligente, povo que assim é valorizado pela própria cultura marginal. Povo marginal, que é desvalorizado pela própria elite e governantes de todo país. Como suburbana, sim, convicta, reitero tudo que o livro diz, trazendo para minha realidade, quando, todos os dias, depois de passar quase 2h dentro de ônibus, já chego ao trabalho cansada e tenho que ouvir, numa coletiva à imprensa, o prefeito dizer que a cidade tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado de Minas Gerais. Sou obrigada a ouvir que Poços de Caldas tem qualidade de vida. E eu pergunto, pra quem? Talvez para o prefeito, para parte da imprensa que ouvia àquilo, para outra parte, que no outro dia, lê o jornal. Eu, pau mandado, lá estava, escrevendo que a cidade não tem pobreza, nos seus 135 anos de vida, quando naquela manhã já havia ralado muito, olhado nos olhos de um morador de rua e dado ‘esmola’ a um garoto no meio do caminho. É, do meu patrão, já escutei várias vezes, ao contrariar as ‘regras’ do jornal e a proposta ‘editorial’, publicando notícias com o povo da periferia e as precárias condições que o gueto poços-caldense exibe. “A quem interessa isso?”, sempre indaga o patrão. Repondo-lhe que à população, à comunidade,ao poder público. “Esta população não lê o jornal. Meus assinantes não querem saber se alagou a periferia, se o ônibus é precário, se há pobreza. Querem ler sobre política”, dispara sempre, o patrão. A solução momentânea, abaixar a cabeça e continuar dando voz à elite, calando a periferia, da qual faço parte. Voltando ao trem, trabalhador não tem escolha, enfrenta o trem lotado, viaja para o trabalho, paga caro por isso. E na cidade com o melhor IDH mineiro, pasmem, só há uma empresa de ônibus. Uma só. A passagem R$ 1,80. As linhas não são interligadas. Por dia, gasto R$ 7,20. Opção? Nenhuma... é só o ônibus, que atrasa, quebra, não tem conforto. A empresa, em parceria com a prefeitura, lançou no meio deste ano uma passagem com desconto para os alunos de uma universidade particular da cidade, uma vez que ‘estudante gasta muito’, nas palavras do diretor da empresa. No entanto, questionado por mim, sobre os outros estudantes, de uma outra universidade, que fica afastada do centro da cidade, próxima a periferia, ele respondeu que pela cota de alunos, não poderia reduzir também o preço da passagem deles. Ou seja, quem sofre mais, paga mais por isso. Justo? Fica a questão. No mais, o transporte é um sub-transporte, que carrega quem rala para o sub-emprego. O salário nem preciso dizer que é sub. E o pobre pagando sempre pelo rico. Quem faz os ônibus e trens, viaja de avião e chora com a ‘crise aérea’. Engraçado como ninguém mostra a crise nos ônibus ou nos trens, que atrasam toda hora, que não vem, que vem lotados, que os ‘pingentes’ vão pelo lado de fora, onde muita gente perde a vida. Engraçado como tudo isso fica sob o pano, porque pobre, pra quem interessa?

jéssica@pocos-net.com.br
http://jessicabalbino.blogspot.com
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AFAL e Crônica Mendes

Mano Coti - Morro das Pedras

MV Bill - Quarentena (Prod. Mortão)

F.P.T.K - Respeito

R.U.A 7 (O Lodo Da Rua) Sandrão RZO/Função RHK/Melk/Phantom/Rastibuia/Nonato/P2/Shadow/Nocivo Shomon

BVL 1990 - Bendita cria

Notoriuz ZN - Poder ilusório

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